O Conselho Superior da Universidade Federal de Sergipe (CONSU) aprovou por unanimidade, na tarde desta quinta-feira, 19, o parecer técnico que concede o título de Doutor Honoris Causa a Severo D’Acelino. O parecer é assinado pela professora Edinéia Tavares Lopes, do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI), e subscrito pela professora Ana Maria Leal Cardoso, Diretora do Centro de Educação e Ciências Humanas (CECH).
Na reunião ordinária presidida pelo reitor Angelo Antoniolli, o relator, professor Mário Adriano dos Santos, pró-reitor de Assuntos Estudantis da UFS, informou aos conselheiros presentes que José Severo dos Santos, popularmente conhecido como Severo D’Acelino, nasceu em 3 de outubro de 1947 em Aracaju, filho de Acelino Severo dos Santos e Odilia Eliza da Conceição.
“Ativista dos Direitos Humanos, poeta, ator, dramaturgo, diretor teatral, coreógrafo, pesquisador das culturas afro e indígena de Sergipe, possui uma extensa e produtiva carreira, sendo reconhecido como importante liderança do movimento negro em Sergipe. Fundou em 1968 o Grupo Regional de Folclore e Artes Cênicas Amadorista Castro Alves e, em 1973, os Cactueiro Cênico Grupo e Teatro GRFACACA, introduzindo o Teatro Armorial e o Teatro de Rua em Sergipe. Dirigiu diversas peças e espetáculos de dança. No cinema interpretou Chico Rey, Espelho D’Agua e, na televisão, Thereza Baptista Cansada de Guerra”.
Militar reformado da Marinha de Guerra do Brasil, coordenador geral da Casa de Cultura Afro Sergipana, Severo D’Acelino casou-se com Maria José Dias Porto Severo dos Santos, com quem teve dois filhos, Obanshé e Iyanzamé Severo D’Acelino e Porto. Ele recebeu diversas homenagens que marcam uma vida dedicada ao ativismo e à cultura afro-brasileira.
“Propor a concessão do título de Doutor Honoris Causa a Severo D’Acelino assume um caráter de reparação de uma injustiça do meio acadêmico, que negligencia a contribuição intelectual abalizada e original que esse escritor, ator, diretor de teatro, produtor cultural, ativista e pesquisador afro-brasileiro vem legando a Sergipe – e porque não dizer ao Brasil – ao longo de pelo menos cinco décadas de perseverante, denso e incessante trabalho de criação ficcional, pesquisa e divulgação de ideias acerca do lugar diferencial dos negros e negras em nossa sociedade. D’Acelino protagoniza uma vitoriosa trajetória pública como homem das artes, das letras, da política e do pensamento, sem ter até pouco tempo nos meios acadêmicos o reconhecimento que sua sólida obra merece”, afirmou o professor Petrônio Domingues, no texto “Severo D’Acelino: um intelectual pan-africanista”, que em parte foi lido na sessão do CONSU.