Representantes de organizações que integram o Fórum de Entidades Negras foram recebidos pelo reitor da Universidade Federal de Sergipe Valter Santana, nesta segunda-feira, 8. O grupo apresentou diversos assuntos da pauta étnico-racial relacionados à universidade.
A reunião tratou de temas como o ingresso de estudantes cotistas nos cursos de graduação, a ocupação de cargos na docência por pessoas negras e indígenas e a apuração de denúncias no preenchimento de vagas para cotistas de forma irregular. Os pontos vêm sendo debatidos e submetidos a procedimentos para sua solução na universidade.
Em comum, os integrantes da organização e o reitor entendem que as pautas étnico-raciais não serão resolvidas de forma isolada, pontual. O professor da UFS Roberto Lacerda defendeu a necessidade de haver uma mudança estrutural em favor do tema. Ele é membro do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (NEABI), uma das entidades que integra o Fórum.
“Qual o lugar das ações afirmativas dentro da UFS? Quando a gente fica personalizando, as pessoas saem e as coisas deixam de acontecer. Podemos ter avanço com o senhor aqui agora, como podemos ter muitos retrocessos. Politicamente, quem é que pensa as ações afirmativas na universidade? A operacionalização reduz os problemas, mas não vai na causa. [As ações afirmativas] precisam ser implementadas de forma estrutural”, analisa o docente.
Valter também defende a necessidade de ações permanentes. “Nós reconhecemos que a universidade tem dívidas históricas com essa pauta, mas também temos consciência de que nossa gestão, iniciada em março deste ano, tem tomado providências práticas em relação a alguns pontos”, avalia.
O reitor salientou ainda que existem hoje discussões para a reformulação do Regimento Interno da UFS, e que há previsão para a criação de um setor específico para tratar das políticas afirmativas. “É uma estruturação necessária, que irá tratar dessas pautas de forma permanente”, apontou.
Entidades reunidas
O Fórum de Entidades Negras reúne organizações com o objetivo de unificar as diversas pautas do movimento antirracista em Sergipe. Participaram da reunião na UFS: João Pedro (Diretório Central dos Estudantes da UFS e Afronte); Kwame Kwanzaa (Coletivo Negro Beatriz Nascimento); Edinéia Tavares Lopes e Roberto Lacerda (Neabi); Dayse Ramos (Movimento Negro Unificado); e Gilman Campos (Instituto Braços).
Marcilio Costa - Ascom UFS
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