A gestão da Universidade Federal de Sergipe (UFS) recebeu o presidente da Assembleia Legislativa do estado (Alese), deputado Luciano Bispo, e sua equipe na manhã desta segunda-feira, 6. O parlamentar apresentou ao reitor, Valter Santana, uma proposta de parceria entre as duas instituições, visando à difusão da comunicação das atividades desenvolvidas na universidade, a fim de fortalecer as relações desta com a sociedade, especialmente o setor produtivo.

Luciano Bispo manifestou o anseio em levar as contribuições que a UFS pode dar à sociedade ao conhecimento de mais pessoas, sobretudo para o desenvolvimento econômico. Para isso, disponibilizou à universidade a estrutura de comunicação da Alese - envolvendo a TV Alese e outras mídias da entidade, como a vindoura afiliação à Rádio Câmara.

“Vim aqui hoje para colocar a TV Alese à disposição de vocês. Mas colocar mesmo!”, enfatizou o presidente, que ressaltou o alcance da emissora. “Nós temos hoje quase 8% de audiência em Sergipe, é um dado que pesquisamos”, disse.

“Nós temos que acabar com uma coisa nesse país: eu conheço um jogador de futebol, mas não conheço um cientista; o jogador merece ser reconhecido, mas um cientista que está entre os melhores do mundo não ter o devido reconhecimento?”, refletiu Luciano. “Para mudar isso, é preciso um trabalho de comunicação com a sociedade”, afirmou.

O foco de Luciano e sua equipe é contribuir para que os setores produtivo e social de Sergipe conheçam a atuação da universidade e com ela estreitem relações. Para o reitor Valter Santana, essa aproximação é essencial para o desenvolvimento do estado.

“Eu tenho conversado com as entidades empresariais, justamente para que saibam o que estamos fazendo aqui. Essas ações podem e devem estar à disposição da sociedade. Nós temos, do ponto de vista do ensino, pesquisa e desenvolvimento e extensão, várias missões que podem ser propagadas e disseminadas nos municípios. Se nós tivermos apoio do poder público, podemos fazer muito mais”, defendeu Valter.

“Nós, com nossa estrutura de comunicação, estamos à disposição para abraçarmos, junto com a TV Alese, projetos para difundir essas ações. Vai ser um ganho espetacular”, ressaltou o reitor.

O diretor de comunicação social da Alese, Irineu Fontes, pontuou a importância de sensibilizar os setores econômicos para investir em ciência.

“A Universidade é um grande ativo do estado de Sergipe e precisa ser conhecida ainda mais. Divulgar especialmente conteúdo relacionado a pesquisa e desenvolvimento, coisas que a universidade está desenvolvendo, que podem de repente encorajar quem tem dinheiro a investir”, argumentou.

Desenvolvimento econômico

Fernando Carvalho, assessor legislativo e um dos técnicos responsáveis pelo Plano de Desenvolvimento do Estado de Sergipe (PDES), relatou a necessidade manifestada por atores econômicos. “Somos procurados por empresários com problemas reais, muitos dos quais que a universidade tem expertise e eles não sabem”, conta.

Fernando argumenta que é preciso sensibilizar esses investidores para estreitar o caminho entre eles e a universidade. “O investimento na UFS não volta para a sociedade apenas na forma de formação de capital humano. Então, não é só publicizar a UFS, vai para além disso: é mostrar uma agenda positiva, que a sociedade compreenda o papel da universidade, e estreitar essa relação com o setor produtivo”, define.

O pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da UFS, Lucindo Quintans, por sua vez, apresentou exemplos de iniciativas de pesquisadores da instituição que poderiam contribuir para setores econômicos do estado.

Um desses projetos trata da identificação de vacas produtoras do leite a2, que é o leite com baixa caseína, considerado hipoalergênico, ou seja, causa menos reações alérgicas. Sergipe é um importante produtor de leite e, ao adotar a genotipagem do rebanho, poderia agregar valor ao produto.

“Nós temos material e competência técnica, também,”, exemplifica ainda o pró-reitor, “para fazer a identificação dessa nova variante ômicron, da covid. Mas é caro, precisamos de um suporte financeiro para fazer essa análise”, explica.

Sueli Pereira, pró-reitora de extensão, cita outras relações possíveis entre a UFS e setores produtivos.

“Somos procurados por municípios que têm vocação, mas não transformam. Associações e cooperativas têm procurado muito a universidade em busca desse interesse do empreender para além do que eles já fazem, empreender em outros formatos. É importante esse diálogo, para ver o que é possível transformar, diante de uma realidade bem difícil que eles estão enfrentando”, sustenta.

O vice-reitor Rosalvo Ferreira argumenta que a UFS já tem um trabalho de excelência na divulgação científica. “A UFS foi a segunda universidade, em número de conteúdo produzido, no projeto Univerciência”, conta. O Univerciência é uma iniciativa que reúne 40 instituições públicas de ensino superior do Nordeste, com a proposta de promover, difundir e popularizar a ciência.

“É um projeto extremamente interessante, agrega conhecimento, mas o objetivo final é chegar à sociedade. Não é divulgar a pesquisa em si, é para mostrar o quanto aquela pesquisa tem impacto na comunidade”, enfatiza Rosalvo.

“Como a gente chega à sociedade nas suas formas mais diversas (setores produtivos, movimentos sociais, setores de governo)? Essa dinâmica não é simples, envolve capacidade técnica e capacidade humana. Talvez seja esse nosso maior desafio: nossas restrições, do ponto de vista de pessoal, são muito elevadas. Mas não podemos abrir mão de uma coisa que a universidade tem, que é a qualidade e excelência no que faz”, pontua.

Como encaminhamento do encontro, o reitor da UFS e o presidente da Alese incumbiram suas assessorias da formação de uma proposta de Termo de Cooperação entre as duas instituições, para viabilizar os projetos de parceria.

Marcilio Costa
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